A Garota da Capa ou Uma Reflexão Contraditória

Por um tempo, voltei a assistir o Fantástico depois de anos e anos sem aquela musiquinha de final de domingo, tão deprimente, só pra ver o quadro Medida Certa que, como todo mundo sabe, acompanhou a reeducação alimentar e física do Zeca Camargo e da Renata Ceribelli. Peguei os quadros pela metade, mas a repercussão era tanta que, como boa neurótica por alimentação e exercícios, não pude perder. Achei o resultado fantástico (hahaha) porque os apresentadores mostraram com clareza as dificuldades, expuseram seus exames e taxas de colesterol, gordura etc. para demonstrar o ganho na saúde, e ao final não tiveram uma perda de peso tão considerável – no entanto, ficou claro que a gordura estava sendo eliminada e ao mesmo tempo, estavam ganhando massa magra, o que equilibra os resultados.

Daí vemos nas bancas uma capa de revista com Renata Ceribelli, nitidamente manipulada e mais magra do que deve ser (diz-se que pesa 74kg, não sei a altura). Ora, como diz Mr.Lopes, ela está parecendo a Gisele Bündchen. Em seu twitter, a apresentadora diz que não há photoshop na imagem e repassa um link da revista explicando que a transformação acontece por causa da roupa e da pose.

Longe de mim ser polícia do peso de alguém e, se a capa reflete como Renata se vê, bom pra ela. Mas vem à tona toda aquela discussão sobre a imagem distorcida das mulheres em revistas, propaganda etc. – papo antigo, eu sei, tanto quanto as técnicas de fotografia (ou alguém acha que só com o advento do Photoshop as fotos podem ser alteradas?). Somos adultas há um bom tempo e ninguém aqui se deixa levar pela máquina da moda – ou... será? A gente sabe bem que as meninas de revistas/desfiles/propaganda são novinhas e usam roupas inadequadas para suas idades; que a maioria fuma para perder a fome e sofre de disfunções alimentares como bulimia e anorexia. Mas isso tudo a gente sabe na teoria. Na prática, somos a maioria rigorosas demais com nossa aparência. Eu, por exemplo, não me acho gorda, claro! Mesmo a balança nova tendo mostrado 1 kg a mais do que imaginava... Sei que sou saudável e estou com IMC adequado. Mas então por que essa busca eterna pelos 5 kg a menos? Porque gosto de ficar sem curvas, que coisa mais besta, no final da contas – e não quero ser uma velha fofinha. A maioria de vocês aqui tem foco mais inteligente: chegar ao peso que as torne mais saudáveis. Isso sim é motivo pra sacrifício.

(não que eu vá deixar de correr atrás dos 5 kg)

E pra não me demorar demais, que tal essa imagem de uma modelo, na Vogue, em editorial considerado Plus Size? Acinte.